sexta-feira, abril 28, 2006

Entrevista exclusiva com André Godoi - Redator da Giovanni, FCB


André Godoi

Depois de uma bela estréia com João Carrascoza, o EhDUCA não poderia perder o pique. Por isso dessa vez, eu e o Tucci entrevistamos André Godoi, redator da Giovanni, FCB. Além de ser ótimo com as palavras e capaz de frases, sacadas desconcertantes, o Pira (que é como eu o conheci nos tempos em que trabalhamos juntos na ETCO) é uma das pessoas mais carismáticas e sangue bom que já tive o prazer de conhecer. Gente boa mesmo, sem nenhuma frescurite. Simples, bem-humorado e com muito talento, ele começou como Atendimento na ETCO, e depois foi Redator na Propaganda Registrada, Bates Brasil e agora, como já dissemos, está na Giovanni,FCB. Graças a Deus e para o bem da propaganda, ele deixou a área de atendimento.

Com vocês, a primeira parte da entrevista com André Godoi, o grande Pira. Semana que vem, tem mais. Valeu! Raul Otuzi e Henrique Tucci.

Para começar, conta um pouco como você começou na carreira. Quando descobriu a vocação para a criação?
Conhece o Rodrigo Leão? Pois é, em janeiro de 2000, essa figura, diretor de criação da Propaganda Registrada, me ofereceu um estágio como redator.
– Mas, Rodrigo, eu sou atendimento do Magazine Luiza.
– Quando você começa?
– Dia 5.
Nunca tinha pensado em trabalhar na criação. Sério, não fazia a menor idéia de como se criava um anúncio. Talvez exatamente por isso ele tenha me dado a vaga. O certo seria chamar um estagiário ninja com um portfólio fodão debaixo do braço. Mas o Rodrigo deve ter pensado: "- Já tiveram essa idéia." Não acredito muito nesse troço de vocação.

Você não fez faculdade de publicidade e mesmo assim é um profissional de sucesso. O que você tem a dizer a respeito disso?
Ninguém aprende a criar numa sala fechada com um professor cagando regras na sua frente. Você até aprende muita coisa útil. Mas nada que um bom livro de propaganda não entregue também. Eu cursei economia e administração de empresas simplesmente por não fazer idéia do que eu realmente queria fazer da vida. No final das contas, a minha escola de verdade aconteceu do lado de fora do campus. Dentro da República Aurora (meu lar na época da faculdade), no bar em que eu era DJ (e garçom às vezes), no grupo de teatro e nas tantas roubadas que a gente se mete na vida. Não existe um método para criar. A palavra método não orna com criatividade. O que existe é uma postura criativa. Você só precisa de muita curiosidade, tesão e meia dúzia de neurônios.

Criação para varejo. Qual a sua experiência e opinião sobre o assunto?
Na Registrada, o job mais mico era uma conta de varejo: concessionária de carros. O cliente era tosco, não tinha prazo e ninguém queria fazer. Ótimo. Ninguém quer? Eu quero. Me dá aqui. Todos. Resultado: o meu estágio acabou e se transformou em emprego. Fazer varejo é ducaralho. É dinâmico. Você cria e amanhã tá na rua. Você está o tempo todo aprendendo e se desafiando para criar algo realmente novo e relevante para o consumidor. A gente faz muito varejo aqui na Giovanni: Fiat, Intelig Telecom, Submarino, Disney. E os jobs de varejo são tratados com o mesmo carinho que os institucionais. Anúncio criativo da Nike, você vê em qualquer pasta de estudante. Agora, campanha do Supermercado Cavalinho boa, criativa e com resultado de vendas… aí não é pra qualquer pançudo.



Um anúncio seu para a Harley Davidson foi para Cannes, como é a sensação de criar para uma das marcas mais desejadas do mundo e ainda por cima fazer bonito no maior festival de publicidade da Terra?
Tá na moda dizer que prêmio de criação só serve para massagear o ego dos criativos. Bom, pra mim funcionou um pouco diferente. No mesmo ano em que a campanha de Harley foi pra Cannes, eu tive a oportunidade de participar do festival como Young Creative. Foi sensacional ver um trabalho meu competindo com centenas de peças incríveis. É importante a gente se sentir assim. Motiva. Afina o critério. Faz você querer voltar logo pra agência e produzir campanhas mais fodonas. E é essencial até para mostrar para o cliente que ele acertou em aprovar aquela idéia ousada. Claro que não dá para avaliar um profissional de criação pelos prêmios que ele ganhou. Isso é passado. Nossa profissão é muito maior e mais complexa que isso. Aliás, se fosse depender dos prêmios que eu ganhei em propaganda, eu tava fodido.

Qual o posicionamento da Giovanni? O que ela tem de diferente das outras agências em que você trabalhou?
O grande diferencial da Giovanni atualmente chama-se: Fernando Campos, Valdir Bianchi (Diretores de Criação), Ulisses Zamboni (VP de Planejamento) e suas respectivas equipes. Uma agência de propaganda é feita de pessoas que criam. E não de escritórios moderninhos e computadores caros. Portanto, se você trabalha em uma agência, independente do departamento, e não usa a criatividade, fique esperto.

Como é a rotina da criação dentro da agência? O que é mais motivador nesse dia-a-dia?
Obrigado por usar a palavra rotina na pergunta. A rotina é a inimiga número 1 da criatividade. Rotina nos incentiva a ligar o automático e deixar a inércia fazer o serviço. Infelizmente, ainda não temos um modelo de agência no Brasil que tenha questionado isso. O mundo está na era da criatividade, e as agências brasileiras na era industrial, da linha de montagem fordiana. Temos que parar de grampear o briefing naquele maldito envelope pardo. Eu até hoje não entendi essa merda. Os donos de agência derrubaram as paredes dos escritórios, mas esqueceram de arrancar a burocracia de lá. E digo mais, só derrubaram as paredes por um único motivo: ficou mais barato. O que mais me motiva nesse dia-a-dia? É saber que os meus diretores de criação têm a mesma opinião que a minha sobre este assunto.


Existe alguma mania, método, mantra que você evoca para criar?
Gosto muito do silêncio nessas horas. Com intervalos de muito barulho para relaxar.

Fale de algum hobby que você tem, e de como ele te ajuda a criar. Quando surge uma trava criativa, o que você faz?
Tá. Vou citar duas atividades que têm feito um bem danado pra mim: ioga e teatro. Na verdade, tudo o que a gente faz para se desligar do dia-a-dia, ajuda no processo criativo. Hobby, hobby mesmo, eu não tenho nenhum. Não coleciono selos, moedas, bonecos de chumbo e não tenho a menor aptidão para montar aviõezinhos da 2ª Guerra. Em relação à trava criativa, varia muito. Teve um caso clássico na Registrada em que o desespero me levou à padoca da esquina. Sim, eu tomei um rabo-de-galo às 9 da manhã. Não adiantou nada. Só me deu uma baita azia.

Com essa foto a JWT da Argentina vendeu...


Financiamento Ford

Como aliás o Estragador de Surpresas adiantou:

Título: "Ford Credit. The second easiest way to get your new Ford. $139 x month." (Financiamento Ford. A segunda maneira mais fácil de conseguir seu carro zero.)

Agora as três melhores na nossa opinião foram, pela ordem:

"Complexo de Édipo? Freud explica."
Exposição Freud no Brasil. Os maiores nomes da psicologia discutindo Freud. MAM Rio de Janeiro.
Criação do Machado-RJ. Parabéns, Machado! Segundo lugar na última semana, primeiro nessa!

"Faça Mackenzie ou encontre outro jeito de vencer na vida."
Criação do Duda Oliveira. Boa, Duda! Mais uma.

"Antes da sobremesa, agradeça."
A+ Clube das Mulheres. Só para ela.
Criação do Jaime Ohana. Valeu, Jaime. Mandou bem.

As menções honrosas vão para as participações de qualidade e quantidade do Jão, do Jorge e da Fernanda. Valeu, galera.

Semana que vem tem mais. Abraços,

Raul Otuzi e Henrique Tucci

O melhor anúncio de Veja


Por Raul Otuzi

Ok, ok. Estou atrasado. Mas é que a semana (para variar) foi hard de trampo. Mas vamos lá, o melhor anúncio de Veja dessa semana é da Fallon SP para o Citibank. Bem bacana, faz parte da campanha das peças postadas abaixo. O bom também é que tem texto e por isso podemos perceber nitidamente as fases do discurso retórico proposto por Aristóteles:

1. EXÓRDIO. Para despertar o interesse, simpatia, eles mostraram preocupação com o filho do leitor. Mergulharam no dia-a-dia corrido do homem moderno, que em busca de dinheiro fica sem tempo para nada, inclusive para jogar bola com o filho. Título: "Seu filho também não gosta quando o craque favorito dele só pensa em dinheiro."

2. NARRAÇÃO. Nesse momento de discorrer sobre a idéia central do anúncio, eles afirmaram com propriedade: "Dinheiro é ótimo. Mas não pode monopolizar seu tempo, porque existem várias outras coisas ótimas à sua espera."

3. PROVA. Para provar que a afirmação é verídica, motivo de concordância e que eles estão do lado do cliente, mostraram seus atributos: "Por isso, quando você precisa de nós, fazemos tudo para resolver, pessoalmente ou pelo Citiphone Banking e terminais 24 horas no Brasil e no exterior."

4. PERORAÇÃO. Na última fase, na hora de realmente ganhar o cliente, eles concluiram o raciocínio com ênfase: "Assim seu tempo rende e sua vida idem." Depois de mostrarem-se desejados, chamaram para a ação: "Para ser cliente Citibank, ligue: 0800-727-2484."

A redação é do Leandro Lourenção e a direção de arte do Edinaldo Cebolinha Fernandes, com direção de criação do espetacular Eugênio Mohallem.

quinta-feira, abril 27, 2006

Campanha da Fallon para o Citibank










Por Raul Otuzi

Em setembro no ano passado, o Citibank começou uma campanha publicitária para reposicionar a marca. "Queremos transmitir a idéia de que a marca Citibank é um motivo de aspiração, mas não é tão distante assim. Além disso, ressaltamos que dinheiro é um meio e não um fim em si ao falar de valores como família, lazer e qualidade de vida", disse o diretor vice-presidente da área de varejo, Gilberto Caldart, no Valor Econômico, na época do lançamento da campanha.

Batizada de "healthy approach to money", a campanha foi desenvolvida pela agência Fallon e está a todo vapor com títulos bacanas como esses publicados aqui.

Os meus preferidos são: "Você pode dar uma festa sem dinheiro. Não sem amigos."

E: "Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha."

E os seus? Qual título você gosta mais?

quarta-feira, abril 26, 2006

Com essa foto dá pra vender o quê?


O que é possível vender com uma foto de um romance tão cálido? Crie um anúncio a partir dela. Para quem não conhece, sexta-feira, a gente publica o anúncio original na íntegra. Participe.

Submeta o seu produto a uma aventura visual






Por Raul Otuzi

Submeta o seu produto a uma aventura visual. É o que ensina Menna Barreto no livro: Criatividade em Propaganda. "Para vender seu produto, demonstrar o que você quer demonstrar, deve-se às vezes combiná-lo visualmente com outros – por mais absurda e inédita que seja a combinação."

Ele dá exemplos: "Para copinhos de iogurte destinados a emagrecer: envolvê-los com uma fita métrica. Para um disco de canções sexy: 'vesti-lo' com uma calcinha feminina."

Aventura visual. Foi o que fez a DM9 para a Bohemia, nessa célebre e premiada campanha. Para uma cerveja que se posiciona como superior, líquido precioso: mostrar copos cheios de jóias, de correntes de ouro, mostrar literal e visualmente que dentro da garrafa sai um 'tesouro.'

Foi isso também que fez a DCS para os talheres Tramontina. Para talheres quem vendem beleza: combiná-los com jóias, assim passa a idéia de valorização da comida. Slogan: 'Talheres Oriente. Sua mesa mais rica de design e beleza.'

E o próprio Menna Barreto conclui: "Parece-lhe simples bolar essas coisas? Bem, para ser sincero, muitas vezes é mais simples do que se pensa..."

Mas para isso, claro, tem que pensar. Pensar, pensar.

terça-feira, abril 25, 2006

Projeto Shhh, por Marcio Palermo

Tem algum projeto, job, campanha, anúncio que gostaria de compartilhar? Mande pra gente: ehduca@hotmail.com. Faça como o Marcio. Valeu, cara!!

"Meu nome é Marcio Palermo, tenho 36 anos e há 25 anos tive o primeiro contato com um computador (CP200 da Prológica). Daí pra um Apple II, IIe, PC's (286 até 486, ninguém é perfeito, com exceção do Steve Jobs), Macs Quadra, 6100, 7600, iMac, iMac DV, iMag G4. Meus hobbies são: Mergulho, modelismo, miniaturas(www.scale.hpg.com.br), e fotografia. Trabalho há uns 15 anos fazendo de tudo, criação, arte-final, tratamento de imagens, design de embalagens e o que mais inventarem. Sempre li muito e não tenho formação na área, sou auto-didata. Atualmente sou Diretor de Arte de uma pequena agência em SP e a cada dia gosto ainda mais do que faço. "






segunda-feira, abril 24, 2006

Campanha para YPF. Bela linha criativa




Por Raul Otuzi

Aí estão os outros anúncios para os fertilizantes YPF. Eles nos mostram que quando existe uma linha criativa bem definida, o desdobramento é simples e fácil. Um bom conceito possibilita bons anúncios. Óbvio.

O conceito/título propõe: "Quando o que é importante está sob controle. É hora de pensar nos detalhes." Assina: 'O campo tem necessidades. YPF tem as soluções.'

Para passar essa idéia, cada anúncio mostra um detalhe da vida do campo cuidado com extremo esmero, algo que certamente beira a firula. Mas é exatamente aí que está a força da campanha.

Com essa estrutura de criação, ao figurar em segundo plano, o produto aparece mais e consegue evidenciar de forma clara os seus benefícios. Persuasão pura.