sexta-feira, julho 07, 2006

Criatividade fora do lugar-comum.

Por Henrique Tucci.

O futebol já não é mais o motivo da alegria dos brasileiros na Copa do Mundo. Mas para alguns alemães ainda é pura diversão. O site de notícias inglês Ananova.com publicou uma história policial pra lá de pitoresca que está acontecendo em Berlin. Alguns cidadãos bem humorados estão espalhando por locais movimentados da cidade bolas de futebol recheadas de concreto com a seguinte placa: “você consegue chutá-la?”. Já foram recolhidas seis bolas que estavam presas a cercas e dois rapazes já foram atendidos em hospitais da cidade depois de se machucarem com a brincadeira.

Além da ingenuidade, um dos motivos pelos quais alguns torcedores imprudentes devem ter caído na armadilha é que os europeus e americanos estão acostumados a circular por peças publicitárias e ações de marketing de guerrilha criativas e inseridas em seu cenário urbano, como algumas que você vê aqui. De qualquer forma, a cena destes boleiros dando seu melhor chute deve ter sido impagável.

E leia a notícia no site: http://www.ananova.com/news/story/sm_1902295.html













Ação da cafeteria Starbucks que fixou copos de café sobre o teto de táxis como se os motoristas os tivessem esquecido ali.




















Adesivos colocados sobre as saídas de calor das ruas de Nova Iorque para o Folgers Coffee.




















Peça criada para a Zwilling J.A. Henckels, fabricante europeu de facas.




















Árvores plantadas em locais proibidos para o Movimento contra o Desmatamento Ilegal, bronze em Cannes.




















Cestos de lixo transformados em copos de café, alguns próximos às lojas da concorrente Starbucks, com o título: “Café com gosto ruim? Café Brazil da K. Road”. Criação da Draft, Nova Zelândia.




















E pra não deixar o Brasil de fora, uma ótima peça da Dentsu/Brasil para um site de black music.


Um abraço!

Tucci.

quinta-feira, julho 06, 2006

Onde fica o botão do desejo?

















Por Henrique Tucci.

O antigo desafio de conhecer os mais profundos desejos dos consumidores acaba de ganhar uma inusitada ajuda de importantes universidades. Agora, os cientistas também estão engajados nesta busca dos profissionais de comunicação pelo “botão do desejo” imaginário dentro da cabeça das pessoas, como definiu a Revista Forbes norte-americana. Novas pesquisas estão sendo desenvolvidas em diversas partes do mundo para tentar detectar como o impulso de comprar ou consumir produtos é disparado, e aumenta ou diminui, diante de estímulos como embalagens, anúncios, comerciais, cores e sabores.

Esta nova área de pesquisa, em amplo desenvolvimento, ganhou o nome de neuro-marketing. E para realizar estes experimentos com humanos, são empregados sistemas de leitura da atividade cerebral por ressonância magnética, uma tecnologia médica utilizada no diagnóstico de disfunções e doenças como esquizofrenia, e que agora ganhou uma nova função no auxílio das vendas de mercadorias, revelando como as pessoas estão na verdade avaliando um produto, objeto ou propaganda.

Através deste exame, são detectadas as partes do cérebro que estão mais ativas diante de um estímulo. Com estas informações, é possível dizer quais são as preferências do consumidor e produzir campanhas mais eficientes.

Enquanto continuam as discussões, podemos desfrutar de algumas descobertas bem interessantes. Em uma comparação entre bebedores de Pepsi e Coca-Cola, foi descoberto que quem consome Pepsi, quando ingere este produto, ativa regiões mais primárias evolutivamente, ligadas aos sentimentos de recompensa, saciação e sabor. Mas os fãs da Coca-Cola, quando consomem o produto, têm ativadas as regiões cerebrais mais elevadas, como o córtex pré-frontal medial, que está relacionado com reações cognitivas mais sofisticadas, preferências individuais e propriocepção. Esse tipo de conhecimento pode ter um profundo impacto sobre a comunicação e a relação marca-conceito.

Um exemplo muito concreto do uso desta tecnologia é o citado por Paul Zak, do Centro de Estudos Neuro-Econômicos da Universidade da Califórnia. Vamos imaginar que uma indústria de leite queira aumentar suas vendas. Para este caso, poderia ser reunido um grupo de consumidores de leite que teriam seus cérebros scaneados enquanto consomem um copo do produto. Algumas partes do órgão podem ser ativadas por qualquer tipo de líquido que ingerimos, mas outras partes podem ser ativadas especificamente pelo leite. Entender quais são estas áreas pode nos dar boas dicas do que nos faz gostar do leite. Se estas são as mesmas regiões ligadas ao prazer e à memória de longo prazo, podemos dizer que o leite está provocando uma sensação de nostalgia de épocas remotas em que consumíamos leite com prazer, como a infância. Então, poderíamos desenvolver um conceito para o produto que transfira uma mensagem como: “bom como nos tempos da escola, melhor para os tempos de hoje”, ao invés de falarmos de benefícios para a saúde ou sobre seu valor nutritivo.

Estas pesquisas já geraram muita controvérsia porque alguns cientistas renomados acreditam que este tipo de experimento tem um forte caráter antiético, pois na verdade não promove a saúde das pessoas, mas apenas ajuda a aumentar a compulsão pelas compras. E também porque os pesquisadores cada vez mais relacionam diversos distúrbios psicológicos com o marketing, como: diabete, anorexia, transtorno de déficit de atenção, tabagismo e alcoolismo, entre outros. Além do fato de que o desenvolvimento do condicionamento da comunicação começa bem cedo, como no caso de crianças que ainda não foram alfabetizadas, mas já reconhecem produtos, logotipos e jingles.

Estes grupos que lutam pela ética defendem que para descobrir os verdadeiros desejos do consumidor, basta fazer algumas perguntas. Até porque, algumas pessoas podem escolher não revelar sua opinião real sobre determinados produtos ou candidatos políticos, por exemplo.

Já não posso fazer uma leitura do seu cérebro, me diga: como você vê estes novos métodos de pesquisa? Você também acredita que seja um mau uso da ciência ou uma forma de invasão de privacidade? E você participaria como voluntário em experimentos deste tipo?

Quero ver a sua participação!

Um abraço.

Tucci.

terça-feira, julho 04, 2006

Truth, será verdade?

Por Henrique Tucci.

Leia o texto seguinte de cima para baixo e depois de baixo para cima:

Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

A brincadeira engenhosa já rola na internet há algum tempo. O texto é atribuído a Clarice Lispector, mas na verdade é de autoria desconhecida, como a poeta Betty Vidigal esclarece na sua coluna do Jornal da União Brasileira de Escritores.

As frases soltas, quando lidas do começo ao fim soam como uma ode ao desamor. Mas interpretadas ao contrário, do fim para o começo, ganham um novo sentido, como uma declaração de amor eterno.

Um comercial com construção semelhante recebeu um Leão de Prata em Cannes neste ano.














A criação foi da SAVAGLIO\TBWA, de Buenos Aires para um candidato à Presidência argentina. O filme é assinado pelo Movimiento Federal Recrear. A visão otimista da Argentina na segunda parte do filme de 135 segundos, em oposição à primeira mensagem, surpreendeu o juri. E verdade seja dita: não foi uma decisão unânime.

Segundo alguns jurados, o filme só não recebeu um Leão de Ouro porque sua autenticidade foi questionada devido à cópia apresentada ter apenas a versão em inglês. E pairou a dúvida sobre uma possível “maquiagem” na produção para inscrição no festival.

A dúvida tirou o ouro da agência. E pra você? O julgamento foi justo ou você também tem suas dúvidas? Escolheria a simplicidade do comercial argentino no lugar dos padres de Stella Artois ou deixaria o segundo lugar para o filme francês da Charal? Faça sua escolha. E seja verdadeiro.

Conheça o filme argentino no site do Festival: http://www.canneslions.com/winners_site/film/winsat10pm_3_5_03419_3.htm

E viste o site da agência para conhecer um pouco mais do seu trabalho: http://www.savaglio-tbwa.com.ar/

Um abraço!

Tucci.

Mantenha a criatividade sempre à mão.











































Por Henrique Tucci.

A agência britânica Mother, festejada pela sua alta competência criativa, faturou recentemente um lápis de ouro no concorrido Festival One Show 2006, na categoria Self-Promotion (auto-promoção) com estas sacolas “incarregáveis”.

Na sua opinião, a Mother deveria levar pra casa este prêmio? Mande seu comentário.

E conheça um pouco mais da Mother Advertising: http://www.motherlondon.com/

Um abraço!

Henrique Tucci.

Vida longa ao rock.









































Por Henrique Tucci.

Imagine um festival nas areias de Copacabana com apresentações de John Lennon, Jimmy Hendrix e Morrisson para acompanhar os Roling Stones. O show não parou para a revista chilena de música Rockaxis, que repaginou alguns dos maiores ídolos do rock na sua campanha com o título: “vida longa ao rock and roll”. Agência: da Prolam/Y&R, Chile.

Conheça o site da revista: http://www.rockaxis.com/

Um abraço!

Tucci.

segunda-feira, julho 03, 2006

Ousadia inconfundível.





Cena de comercial da primeira fase da campanha do Itaú com a assinatura "Feito para você"


Por Henrique Tucci.

O Itaú piscou, abriu portas e esticou o tapete vermelho para se tornar inconfundível e mostrar que quer você. E mesmo com as “coincidências” com o filme da TAM e outros tapetes, a ação conduzida pela Africa não teve seu brilho apagado.

A campanha reforça valores do banco e o conceito de full-service. Ela é composta por quatro filmes, anúncios de jornais e revistas e peças de mídia exterior em locais inusitados, como portas de metrô, de elevadores, de shoppings e cancelas de estacionamentos.

O posicionamento agressivo do Itaú no mercado de serviços bancários foi brilhantemente conduzido até o último filme da seqüência que começou a ser veiculado neste final de semana com o título “Inconfundível”.

Este comercial mostra a confiança da agência e do cliente na linha de comunicação adotada. A criação usou e abusou dos processos de condicionamento e memória quando estabeleceu a relação entre cenas agradáveis com gente feliz e objetos laranja enquanto o locutor desfia o suave discurso do banco. E a assinatura só precisou disparar: “daquele que foi feito pra você”. Nenhum logotipo e nenhuma menção ao nome do cliente. Não precisa. Ousado, provocante, inesquecível. Ponto para a Africa e para o Itaú.

Um abraço!

Tucci.