sexta-feira, dezembro 16, 2005
Texto e layout. Marido e mulher ou amantes?
Por Raul Otuzi
Xarape mandou um comentário dos mais inteligentes no post do Tucci aí de baixo: "Só faremos anúncios interessantes quando tivermos um bom casamento entre texto e layout. E isso vale para as situações extremas. Se o layout falar sozinho, o texto que se cale. Se o texto for matador, o layout que sirva de megafone."
É isso aí, Xarape. Texto e layout devem conviver harmonicamente sempre. O layout deve acolher o texto com extremo zelo e bom gosto, e o texto deve retribuir tamanho apreço com palavras sedutoras e certeiras.
Foi o que fez a F/Nazca para a Unimed (dois post abaixo). Por isso, o anúncio não é chupado do Salão do Automóvel. Ele apenas integrou o texto ao ambiente visual do target. Fica muito mais poderoso e interessante, certo? Que o digam esses dois anúncios da Agência Dez Brasil para a Na Guarda. Redação: Michel Zveibil. Direção de arte: Getulio Albrecht.
Tem pegada ou não tem?
quinta-feira, dezembro 15, 2005
Reino de iletrados pode ter redatores como reis?
Acredito na força inigualável dos títulos. Vivo desse ofício de escriba e não posso negar minha raça. Por isso, pra mim, campanha tem que ter textos de primeira. Não importa se curtos ou longos, mas sempre textos inteligentes. Acho que a direção de arte é importante, principalmente para um anúncio all-type. Mas será que o texto é a melhor ferramenta para um País que, dizem, não tem leitores? Eu acredito que sim. E já que o assunto é o texto, aproveito para lembrar uma importante agência que tem campanhas e redatores geniais.
A Fallon McElligot sempre foi uma grande referência para mim e para o mercado mundial da propaganda. Em primeiro lugar, pelos anúncios. Em segundo, por ser uma agência de redatores, um sonho de consumo até certa fase de minha vida profissional. Meu primeiro contato com o trabalho destes criativos foi em 1989, com os anúncios da revista Rolling Stones. Campanhas fabulosas como a da Igreja Episcopal fizeram a fama da agência e são até hoje marcos da propaganda internacional. Os títulos sempre geniais e instigantes praticamente dispensavam muitas firulas visuais.
Desde 2002 a Fallon tem seu escritório em São Paulo. E no Brasil também esbanja títulos invejáveis e campanhas memoráveis. No comando da agência, e da Criação, está Eugênio Mohalen, um dos redatores mais premiados do Brasil com 350 prêmios só no Anuário do Clube de Criação de São Paulo, além de nove Leões em Cannes. Até o currículo dele deve valer prêmios. E alguns trabalhos recentes da Fallon para Carta Capital, United Airlines e Center Norte mostram que a agência não está brincando nessas terras tupiniquins.
Eugênio Mohallen
Presidente/Diretor de Criação
Fallon Brasil
Eugênio passou pelas agências AlmapBBDO, Talent e DM9. Escreveu o Manual do Estagiário com dicas para os iniciantes em propaganda, que fez grande sucesso na internet, foi reproduzido na Espanha, Argentina, Uruguai, Paraguai, Panamá e depois virou livro. Em 2004, lançou o livro Razões para bater num sujeito de óculos, pela Editora Planeta.
E pra você? Texto ou direção de arte? Vamos tentar entender a preferência de nossos leitores!
Calma. Essa não foi chupada.
Por Raul Otuzi
Como não?? Você pode estar se perguntando. “As placas estão aí, as datas também, como então não é chupada? É chupada sim. O anúncio da Unimed foi chupado descaradamente do anúncio do Salão do Automóvel. Sem dúvida.”
Peraí, nem todo anúncio que tem um princípio criativo igual a outro é chupado. O que ambos fizeram foi contextualizar a mensagem visual dentro do universo de interesse do público-alvo. Tá certo? Não? Não convenci? Pense bem. Enquanto isso, confira a ficha técnica dos dois:
O primeiro anúncio foi prata no 2º anuário do Clube de Criação de São Paulo. Agência: Almap. Redator: Boris Fetchir. Direção de arte: Bjarne Norking.
O segundo é da F/Nazca. Redator: Rafael Genu. Direção de Arte: Vico Benevides
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Minus: os mascotes invadem a mídia
Por Raul Otuzi
O homem da Michelin, o franguinho da Sadia, o elefante da Cica, o ratinho da Folha, o ratinho do Bradesco na Internet, o coelho da Duracell (ou da Energizer, depende do mercado), Ronald McDonald, Tony the Tiger, Pato Purific... Bem, a lista sempre foi grande.
Mas, de repente, ela está aumentando por demais, não é não? Parece que o fenômeno Assolino deflagrou um verdadeira caça aos mascotes. Depois do Monsieur Deli da Delícia, dos Unimascotes do Unibanco, do Chipinho da Claro... eis que chegam os Minus, da Minuano.
E chegaram com tudo, hein? 16 páginas na Veja e comercias que passam a toda hora na TV.
Será que a Dm9DDB resolveu ir para o caminho mais fácil ou teve uma grande sacada com os irmãozinhos verdes dos Smurfs??
Três mascotes, um só objetivo: ganhar o consumidor
Os mascotes surgiram para aproximar a marca dos seus consumidores, através de uma identificação rápida e grande empatia.
Bibendum. O homem da Michelin, foi criado em 1898 por Edouard Michelin, irmão do fundador da marca. Edouard observou uma série de pneus amontoados e percebeu que tinham uma forma humana. Explicou a idéia ao criativo O’Galop, que o desenhou. É um dos mascotes mais antigos e reconhecidos em todo o mundo. Representa a Michelin em mais de 150 países. www.umovoacavalo.com/html/zz_Mascotes_2.htm
Assolino. Da Assolan. Mais recentemente, surgiu um mascote que ganhou notoriedade de popstar: "Quando falamos de limpeza a coisa acaba sempre caindo para um lado mais racional, abordando pontos como eficiência, qualidade e poder de ação. No caso da Assolan, conseguimos fugir um pouco disso com o ícone do mascote, que trouxe, além da eficiência, qualidade e um apelo mais emocional para a marca, acabando por também conquistar a simpatia da consumidora." – disse Sérgio Guzzo, gerente de marketing da empresa, no www.iniciativajovem.org.br
Monsieur Deli. "...nasceu da busca de um ícone realmente memorável para a marca e que pudesse transmitir todo o prazer sensorial que a Delícia oferece”, conta Siqueira, diretor de criação da Troop, agência responsável pela criação do gourmet francês, no www.portaldapropaganda.com
É feio, mas tá no mundo
Por Raul Otuzi
Pasmem! Tem publicitário e cliente que levam o título aí de cima como inspiração para as suas vidas. Por isso, não sentem nenhum remorso em criar/aprovar/veicular anúncios do tipo “é o cão chupando manga.” Chamam a atenção, eles argumentam. Argumentam??
Júlio Ribeiro, da Talent, disse uma vez que uma coisa que ninguém perdoa em um anúncio é a chatice. Ninguém gosta de anúncios chatos, ok. Mas daí eu pergunto: e a feiúra, a tosquice bizarra, Júlio, pode ser perdoada na propaganda? Só se for para rir.
Aliás, acho que esses dois anúncios que a Silvia Bollinger me enviou são brincadeira (só pode ser, torço para isso, muito). Porque, além de tudo, a Dicorp é uma clínica de medicina estética. ESTÉTICA. Vocês leram direito. Seria cômico se não fosse trágico.
terça-feira, dezembro 13, 2005
Coincidência, referência ou chupada?
Por Raul Otuzi
Que a campanha da Timberland é incrível, não tenho dúvidas. Agora, o mais incrível é a incrível semelhança com o anúncio que a Publicis Salles Norton criou para o Vick Vaporoub.
(Redação: Arício Fortes. Direção de arte: Jack Ronc).
As peças são tão iguais que Henry comentou o seguinte aqui no blog: "Essa campanha - a da Timberland - é muito boa. Acho q entrou no shortlist em Cannes. Só não levou Leão pq tinha uma peça de Vick idêntica. Uma latinha de vick segurando a janela e uma assinatura: 'respire'."
E aí? O que vocês acham? Alguém copiou alguém? Se sim, quem chupou quem? Isso é relevante, ou no problem já que são anunciantes de segmentos diferentes? E o mais importante: quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Comentem, comentem.
A vida é lá fora
segunda-feira, dezembro 12, 2005
Comportamento de saia
Por Henrique Tucci.
Bailarina, balão, de odalisca, envelope, franzida, godê, plissada, reta, hippie ou mini. Não importa. O que importa é que a dona delas chegou. É isso aí! A “dona da saia”, Taísa, agora também está aqui entre nós. Esta talentosa psicóloga e publicitária estará participando como colaboradora internacional deste blog. E isso é duca! Porque além de rodar as saias em seu blog, também especializado em publicidade, Taísa está em Londres, aprofundando seus conhecimentos em um assunto que é sempre apaixonante: o comportamento do consumidor.
Fico muito feliz com essa nova e charmosa colaboração que, com certeza, vai enriquecer muito nossos debates. Agora podemos trazer à baila os hábitos de consumo e curiosidades sobre consumidores brasileiros e internacionais. Aguardem fotos e comentários de nossa amiga de saia. Seja bem-vinda, Taísa!
Conheça o blog da Taísa: http://www.publicidadedesaia.blogger.com.br/
O melhor anúncio de Veja
Por Raul Otuzi
Timberland é sinônimo de calçado de aventura. Por isso, o briefing para divulgar o Junction II não poderia ser outro. Comunicar esse espírito aventureiro. Não importa o produto, Timberland deve sempre expressar tal conceito. É o que a deixa memorável e desejada. Então o que a Lew,Lara fez? Um belo anúncio, mais uma vez.
O título é provocativo, irônico, verdadeiro: “Aproveite. O Brasil tem a maior floresta do mundo. As praias mais lindas do mundo. E a pior programação de domingo do mundo.”
O texto vai direto ao ponto, mistura atributos com uma breve descrição dos locais de uso:
“Junction I. O solado B.S.F.M antiderrapante e a palmilha de E.V.A com proteção para os dedos mantém a sua estabilidade e o conforto em caminhadas por rios, praias, pedras e lugares úmidos. E a resistência do couro nobuck garante que nada disso vai parar você.
A VIDA É LA FORA.”
Por último, temos a imagem. E em vez de mostrar o produto em ação (dejà vu demais), a saída foi mostrar o produto em primeiro plano e a natureza de fundo. Peraí, mais isso também é dejà vu demais, então qual o pulo do gato?
A grande e sutil sacada está no porquê a natureza está de fundo. Porque o Junction II está segurando a porta, abrindo uma nova possibilidade, deixando você livre para sair de casa e curtir uma aventura. A natureza está de fundo para fazer um chamado: vem cá. Afinal, a vida é lá fora, entendeu?
Veja: cadê os anúncios criativos?
O melhor anúncio de Veja desta semana vai para... Timberland. O anúncio é muito bom, mas cá entre nós, senti falta de uma concorrência mais acirrada.
Tem um anúncio interessante do Unibanco sobre o 13º, e um ou outro mais legalzinho. Só. De resto, tudo muito igual, sem impacto. Nenhum anúncio chama lá muita atenção, com exceção de um seqüencial de 16 páginas da Minuano. Mas aí é covardia, né, 16 páginas são 16 páginas.
Título bacana à procura de uma direção de arte idem
Na semana passada, elogiei o título de um anúncio que saiu na revista Veja: “Peru Sadia e Fiesta Sadia. Um par tão perfeito quanto feliz natal e próspero ano-novo.”
Na Veja desta semana, mais um título bacana: “Ceia começa C. Mas, se começasse com S, também faria sentido.”
O que não consigo entender é essa direção de arte. Continua a mesma: fe-ia. Para quem ainda não viu, veja aí. Fala sério, o que vocês acham? Dá vontade de recriar o anúncio, não é?
Pois se você for diretor de arte, mande pra gente uma sugestão de layout mais sadia. Merece. ehduca@hotmail.com