sexta-feira, março 10, 2006

Ele EhDUCA!













João
Anzanello Carrascoza

É com grande orgulho que apresentamos a primeira entrevista do EhDUCA. E como a ocasião pede, o convidado é muito especial. Para nossos alunos, ele é um velho conhecido. Redator brilhante e autor de alguns dos principais livros sobre redação publicitária em língua portuguesa, é referência obrigatória em nossas aulas. João Anzanello Carrascoza nasceu em Cravinhos, começou a trabalhar em nossa região e passou por algumas das maiores agências do Brasil. Atualmente, é redator da JWT e professor de redação publicitária na ECA (USP), onde recebeu o doutoramento. A cansativa rotina dividida entre o trabalho na criação e as aulas na faculdade não é fácil. Nós também a enfrentamos diariamente e podemos dizer: não é fácil! Ainda assim, Carrascoza encontra tempo para exercitar sua paixão pela escrita com poemas, romances e contos. Este profissional completo sabe como ninguém reunir com palavras razão e sensibilidade.

Com vocês, a primeira parte da entrevista com o publicitário João Carrascoza.

Aproveitem. Esta entrevista também EhDUCA.



Como você se interessou pela propaganda?

Adorava ver telenovelas, desde menino, em Cravinhos, porque era um tipo de folhetim, um oceano no qual afluíam várias histórias. E histórias sempre me fascinaram. Entre uma parte e outra de cada capítulo, eu assistia com atenção aos comerciais de TV e via neles também histórias contadas em 30 segundos. Esse formato compacto de narrativa, somado ao fato de meu pai ser um comerciante, me levou a ter um interesse maior por algo que associava o comércio à fabulação. Ou seja, a publicidade.


Você estagiou na antiga MPM de Ribeirão Preto e também trabalhou em grandes agências como Young&Rubicam. O que foi mais importante: a experiência profissional ou a formação na ECA?

Ambas foram essenciais para meu desenvolvimento profissional. Na universidade, mergulhei no pensamento complexo, aprofundei os conhecimentos técnicos e consolidei minha visão humanista da comunicação. A praxis nas agências de propaganda me proporcionou agilidade na busca das soluções, flexibilidade no discurso, e me fortaleceu a musculatura criativa.


Recentemente, o Francucci, ganhador do Caboré, disse que achava que não faria faculdade de propaganda, que faria filosofia, por exemplo. Como professor, o que você pensa a respeito? E como publicitário formado, sua opinião muda?

A faculdade de comunicação é importante para que o aspirante à carreira tenha uma formação humana, habilite-se intelectualmente para compreender o alcance de seu trabalho, inteire-se dos conceitos artísticos da vanguarda. Mas, claro, não basta fazer um curso superior de comunicação para ser um bom publicitário. É necessário uma imersão na vida cultural, um aprofundamento filosófico, uma postura ética permanente.


Além de grande redator, você dá aula na ECA para estudantes de terceiro e quarto anos. Como são essas aulas?

Procuro dosar uma parte de teoria, com aulas expositivas, a uma parte prática. Mas não unicamente com material publicitário, já que o universo da propaganda é muito auto-referencial. Busco injetar exercícios de sensibilização criativa, desbloqueio, dinâmicas em grupo, valendo-me de literatura, música, cinema, TV, internet, enfim, o que está à disposição no espesso caldo da cultura universal.


Dê um exemplo concreto de como uma referência cultural ajudou na solução criativa de um briefing.

A campanha “Azarados” para os lenços de papéis Klennex, feita na JWT, vencedora de dois Leões de Ouro em Cannes, ano passado, nas categorias filme e press&poster.






















Anúncios da campanha "Azarados"


Certa vez você disse em uma entrevista que sempre te incomodou muito a distância entre a academia e o mercado profissional. Os seus livros são uma contribuição para diminuir essa distância. Mas o que mais você acha que pode ser feito?

O que precisa ser feito é estimular gente de ambos os lados a atravessar a ponte e conhecer a realidade complementar que cada um, em separado, está vivendo. Isso pode se concretizar por meio de inciativas de aproximação, como acordos empresariais, palestras lá e cá, parcerias institucionais, programas de estágios, visitações e projetos bilaterais.

17 comentários:

Anônimo disse...

Salve Carrascoza

Não tem como não se sentir pequeno lendo sobre ele.

Para mim, o Carrascoza é talvez um dos melhores exemplos do que é ser um publicitário na essência.

Antes de ser redator, ELE É UM EXCELENTE ESCRITOR.
Seu trabalho é só uma extensão do que ele é de fato:
Um cara de uma sensibilidade violenta, que consegue equilibrar o lado acadêmico, prático e artístico de uma forma única.

E prova pra todos nós que devemos beber das 3 fontes (profissional, acadêmica e cultural), sem priorizar ou desprezar nenhuma delas.

Anônimo disse...

Nota curiosa:

Ele diz que descobriu-se em propaganda, do mesmo jeito que o Washington Olivetto:

"Uma maneira de reunir meu gosto pela escrita, com a habilidade de vender de meu pai".

Que coisa não?

Anônimo disse...

Ei, ja quero ler a segunda parte desta bela entrevista.
Para nós que estamos engatiando ehduca mesmo.

Anônimo disse...

Concordo com o Jaime...ja kero o resto da entrevista!!
ajuda mto kem esta comecando, e principalmente na questao que o eduardo citou, beber e mergulhar nas 3 fontes, que eh uma constante qnd leio entrevistas dos grandes nomes do mercado.

Abraco

Anônimo disse...

Grande entrevista.
Parabéns!

Anônimo disse...

Que venha a segunda parte!!
Beijos!

Anônimo disse...

Poxa, muito bacana mesmo a entrevista!
E parabéns pelo comentário eduardo, igualmente excelente.

Abraço

Anônimo disse...

Já li e leio muita coisa do Carrascoza. Sempre me ajuda muito! O Jaime tá certo: Pra gente assim como a gente, que está no gerundio do começo, EHDUCA essa grande entrevista!!!

Pô Raul, só não gostei dessa idéia de dividir a parada. Tinha é que ter um extra, com direito a comentários e tudo mais!

Manda mais dessas galera.

Anônimo disse...

Primeiramente parabén pelo site, realmente EhDuca!
Gostaria de saber títulos dos livros do Carrascoza pra ler.

Abraços

MUNDO DAS MARCAS disse...

Parabéns pela entrevista. Sensacional.

Anônimo disse...

Grande iniciativa é postar no blog entrevistas dos grandes da publicidade.

Ótimo para quem está começando...


E, como o Duim, tambm quero uma lista do q o iluste Carrascoza escreveu (eu só conheço o Razão e Sensibilidade no texto publicitário e Evolução do texto publicitário).

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Parabéns pelo blog - CREATIVE BRAIN - Kadu Dias! Uma iniciativa muito interessante e bem bolada. Temos que explorar as "N" possibilidades de comunicação e troca de informações. E o blog é uma das formas mais eficazes de fazer isso.
Convido a conhecer meus blogs, clicando no meu nome.

Abçs, sorte e sucesso!

Anônimo disse...

Parabéns pela campanha.

Como estou começando na profissão, não conhecia o João Carrascoza, me perdoem. Mas vendo esta campanha de Kleenex que ele criou (é dele, né?), imagino que seja mesmo uma referência no mercado. Parabéns.

Anônimo disse...

Não, essa campanha é daquela menina que vai ser jurada em Cannes: a Kika.

Anônimo disse...

Parabéns pessoal do Ehduca ... estou começando na profissão e o Carrascoza é um dos redatores de maior sucesso no nosso mercado. Que venga o resto ...
Abraços a todos!!!!

Anônimo disse...

Uau. Esse Carrascozi parece ser bom mesmo. Explicando um coment lá me cima: a campanha de Kleenex é dessa Kika mesmo. Ela é amiga da minha irmã, lá do Sul. E, só de curiosidade, alguém pode citar uma ou duas coisas que o Carrascozi fez em propoaganda? É que eu tô começando. O primeiro sutiã é dele, não é? O pessoal da classe disse que era. Parabéns, Carrascozi!