sexta-feira, janeiro 13, 2006

Publicidade é coisa de pele.

Por Henrique Tucci.

Você é um verdadeiro outdoor humano. Voluntariamente ou não, você carrega marcas por todo o corpo. Nas camisetas, tênis, calças, óculos e até mesmo nos carros estão estampadas marcas em destaque – símbolos de status que a publicidade utiliza como estratégia de comunicação. Ou também, você poder fazer questão de exibir estas marcas por serem suas preferidas, de uma entidade ou campanha na qual acredita ou porque simplesmente você ama aquele produto, não é mesmo? Muitas pessoas só têm esse recurso para sair de seu vácuo de identidade. Com isso, as pessoas acabam pagando para fazer publicidade, e das melhores, para estas empresas. Não é mesmo, jovem faceiro?

É, pode não ser o seu caso. Mas já que muitas pessoas se identificam com algumas marcas, por que não estampá-las para sempre em seu corpo?

Parece loucura? Mas essa loucura virou negócio. E dos bons. A empresa TatAD é especializada neste tipo de publicidade na pele. O que a empresa diz fazer é simplesmente unir pessoas que tenham afinidade com determinada marca, e que tenham o seu perfil social/psicológico, com o anunciante em potencial. As empresas, por sua vez, procuram quem vai estampar eternamente seus símbolos entre atuais consumidores de seus produtos ou entre aqueles que amam a empresa. Como costuma ser o caso típico dos proprietários das motos Harley Davidson.
Essa idéia, que parece simplesmente genial, já deu muito pano pra manga. Já foi pauta de noticiários e de um tribunal nos Estados Unidos em 1998. O jogador Rasheed Wallace do Portland Trail Blazers foi convidado a tatuar a marca de uma grande empresa de doces em sua pele, por valores nunca revelados. Isso driblaria uma norma que proíbe os jogadores de usarem marcas de outros patrocinadores, que não fossem os oficiais do time, em seus uniformes. E também seria uma afronta ao patrocinador oficial da NBA naquela época: a concorrente Nestlé. O jogador não aplicou a marca naquele momento e a questão ficou no ar: quem é dono do corpo dos jogadores? Os times, os patrocinadores do campeonato, os veículos de comunicação ou os próprios atletas? E o assunto voltou à pauta neste ano. O mesmo Rasheed, agora no Pistons, tatuou um símbolo que lembra a Nike em seu braço. Ainda vai dar o que falar.










A mascote tatuada em Guido Brenner

Um restaurante mexicano da cidade norte-americana de São Francisco, chamado Casa Sanchez, trocou uma tatuagem de sua mascote na pele de um cliente por uma pizza e uma cerveja por dia para o resto de sua vida. A Casa Sanchez prometia a mesma barganha vitalícia para todos que fizessem o mesmo, sem estipular onde seria a tatuagem. A procura foi tão grande que o restaurante teve que limitar o total de estampados a 50 pessoas.

Comente e responda: que marca você tatuaria no corpo? E, por que?

Aguarde: logo teremos alguns logotipos do Ehduca para você escolher o melhor. E também para nossos fãs tatuarem pelo corpo todo! ; )

Resumo da Quinzena. Como anda a sua bola de cristal?

Por Raul Otuzi

A gente podia falar que o Francucci saiu da JWT, que a globo.com entrou com um comercial engraçadíssimo no ar, e um monte de outras cositas más, mas as duas notícias que tiveram maior impacto no mercado publicitário, nesses quase 15 dias de janeiro, foram: “Pepsi ultrapassa a Coca” e “Fischer acaba com área de Atendimento.”
(www.meioemensagem.com.br/mmonline/jsp/Navega.jsp?pIdConteudo=74759)

Mais do que discutir isoladamente cada notícia, queremos chamar a atenção para o ponto em comum que existe entre elas: as pessoas continuam as mesmas, mas as pessoas mudaram. Não, não fiquei louco. Estou falando de evolução.

Continuamos querendo comida, bebida, diversão e arte, porém de forma diferente. A Coca, ao fechar os olhos para o crescimento do mercado de bebidas saudáveis, abriu brecha para a Pepsi e se estrepou. Tendência ignorada. Continuamos querendo bebida, mas agora com ‘mais saúde’.

Os atendimentos ao contarem com a presença dos criativos nas reuniões de briefing e de apresentação de campanha perderam força junto aos clientes, que viram esse envolvimento (maior interatividade) como benéfico para o seu negócio. Continuamos querendo proximidade, mas agora cada vez mais com pessoas que possam resolver nossos problemas na hora.

Claro que nada é definitivo. A Coca pode retomar seu crescimento. Os atendimentos podem recuperar seus cargos na Fischer, mas é inegável que esses acontecimentos abrem nossos olhos para as mudanças, para o novo, para o que está por vir.

Não podemos apenas nos debruçar em cima do panorama atual e pronto. Temos que vislumbrar cenários futuros. Não basta apenas entendermos de produtos e serviços, temos que fundamentalmente entender de gente. E buscar antecipar como a sua relação de consumo evolui. Quais seus sonhos? Suas aspirações?

Enxergar tendências de comportamento é a saída. Inclusive para você mesmo. Seja sincero. Você está olhando para a frente? Está se preparando para o futuro? O que está fazendo hoje para você ser melhor amanhã? Hein? A concorrência é grande e, como dizia Cazuza, o tempo, o tempo não pára.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Quando as palavras valem por mil imagens







Por Raul Otuzi

Muitas vezes as palavras valem por mil imagens porque (óbvio) palavras são também imagens. E quando assumem sua natureza visual, suas formas específicas, personalizadas, podem ser mais convincentes do que qualquer foto do Toscani, fotógrafo das famosas campanhas da Benetton (www.olivierotoscani.it). Por quê? Porque comunicam de forma visual e verbal ao mesmo tempo.
Provocam sensações imediatas.

Vejam esses dois exemplos de campanha. Na primeira série de anúncios, o alerta é contra as doenças, que começam pequenininhas, mas depois, tomam conta de tudo. É incontestável: cada letra conta essa história. A criação é da Full Jazz para a Intermédica. Título: “No começo todas as doenças podem ser vencidas.” Assinatura: "Intermédica. Prevenir é o nosso jeito de cuidar da sua saúde.” Redação: Alexis Leiria. Direção de arte: Adriano Passos.

Já na segunda série, cada palavra literalmente explode em nossa cara. Salta aos olhos, grita ao pé do ouvido. Repare nas sombras. Criação da DPZ para a Philco. Assinatura: “Novo Philco PMS-2800. Você nunca ouviu tanta potência assim.” Redação: Roberto Kilciauskas, João Paulo Magalhães. Direção de arte: Renato Zandona, Alberto Kim.

Nada de foto. Mas que imagens!

Convence ou não convence?


Por Raul Otuzi

Não é só a foto que é linda. O anúncio inteiro é de babar. Show de argumentação. Redação: Nizan Guanaes/Renato Konrath. Direção de arte: Tomás Lorente. Idos de 83. Mas fala sério, parece que é de hoje, continua extremamente atual, contemporâneo. Porque boa propaganda não envelhece, não morre.

Leia, releia, guarde. Preste atenção na estrutura do texto. Clássica. Três partes bem distintas: a primeira justifica o título, envolve o leitor; a se gunda dá as credenciais do produto, explica seus atributos; e a terceira fecha o raciocínio, chama para a ação.

Título: "Uma pessoa que não entende nada se seguro me convenceu a fazer um Itauvida."

Texto: As agências Itaú e o seu corretor de seguros têm todos os argumentos do mundo para convencer você a fazer um Itauvida. Ou melhor, todos menos o mais importante: aquele argumento que chora quando tem fome, que adora um colo quentinho e volta e meia faz pipi na cama.

A gente até pode explicar que fazer um Itauvida dá menos trabalho que trocar uma fralda. Porque dispensa exame médico (basta uma declaração de saúde na proposta), você escolhe a forma de pagamento, mensal ou anual e o débito é automático para os correntistas do Itaú, com todos os valores do seguro atualizados pela TRD. O Itaúvida dá tanta tranqüilidade como um pai cantando Boi da Cara Preta. Porque as garantias são válidas 24 horas por dia em qualquer parte do mundo, além de a indenização não ficar presa a inventários nem responder por eventuais dívidas do segurado. E para esclarecer dúvidas, o SOS Itaú é uma babá de plantão dia e noite. Precisou de ajuda, é só ligar para ele.

A única coisa que nem as agências Itaú nem o seu corretor conseguem, por mais que se esforcem, é receber você com aquele sorriso do seu filho sempre que você chega em casa. E, cá entre nós, você conhece um argumento mais convincente do que esse para fazer um Itaúvida?

Essse segundo anúncio faz parte da campanha de 1985. Mas usa o mesmo princípio do título do Nizan, criado dois anos antes. Veja: "Um sujeito careca e desdentado me convenceu a fazer um Itauvida."

Conclusão: quando temos uma linha de criação forte, poderosa, basta segui-la. Não tem erro.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Com essa foto a DM9 vendeu...


Itauvida, o seguro de vida do Itaú.

Grande anúncio, 1985. Segue a linha criativa emocional adotada por Nizan e Tomás Lorente dois anos antes (aguarde esse post, é mais uma aula de criação). Redação: José Henrique Borghi/Carlos Domingos. Direção Arte: Roberto Cipolla.

Título: "Estão usando mulher pelada até para vender seguro de vida."

Texto: Se tem um lugar onde seu filho está protegido é dentro da barriga da mãe. Mas como ele só vai ficar lá dentro durante 9 meses, é melhor você fazer um Itauvida. As garantias são válidas 24 horas por dia em qualquer parte do mundo. E se você não estiver por perto para ajudar seu filho, o Itauvida vai estar. A indenização não fica presa a inventários nem responde por dívidas antigas. Para fazer é muito fácil, nem precisa de exame médico. Basta uma declaração de saúde na proposta. Você ainda escolhe a forma de pagamento, mensal ou anual. Qualquer dúvida é só procurar uma agência do Itaú ou ligar para o SOS Seguro Itaú (Grande São Paulo: 585-9655, outras localidades: 0800-114488 – ligação gratuita) a qualquer hora do dia e da noite, que você receberá a indicação de um corretor credenciado. Faça um Itauvida.

Assinatura: Itaú Seguros. Nosso trabalho é cuidar de você.

Bem legal, né? E teve muito anúncio bacana também criado a partir dessa foto. Valeu, Abelhuda, Thiago Nascimento, Fernanda, Fernando, Guto Chicanelli, Chico, Rafael Machado... Mas os três que mataram a pau foram, pela ordem:

"Você achou lindinho. Mas acredite: tem quem ache muito mais."
Pedofilia é crime, denuncie.0800 000 0000
Brasil - Um país para todos.
Criação de Rafael Perez. Sem comentários. Avassalador. E chegou na última hora, quase fica de fora. Parabéns, Rafael!

"É a cara do pai? É a cara da mãe? É a cara daquele menino da 5ª B?"
Veja especial gravidez na adolescência. Já nas bancas.
Criação de Daniel Coelho.

"Foi-se a época em que você podia andar assim."
Osklen - Nova Coleção.
Criação de Nando Nogueira.

Congratulações, obrigado e abraços,

Raul Otuzi e Henrique Tucci

Pense ao contrário, diz o mestre Olivetto



Por Raul Otuzi

Lá venho eu de novo. Mas é importante frisar. No livro: “Os piores textos de Washington Olivetto”, o próprio diz: “É isso que procuro fazer no meu trabalho: surpreender sempre, raciocinar ao contrário, olhar as coisas de outro ângulo e perceber aquilo que ninguém tenha enxergado.”

Viu? Mas viu do mesmo jeito ou deu uma viradinha aí na sua cabeça para ler o texto? Sério. Leia de soslaio, de cima pra baixo, como queira, desde que mude o seu ponto de vista. Aí em cima tem dois exemplos literais de como essa inversão do olhar funciona bem: causa impacto e comunica. Aliás, outdoors são ótimos para nossas idéias ao contrário, já que são incrivelmente versáteis.

A primeira placa é da Publicis Salles Norton para o Abrigo para Idosos Bezerra de Menezes. Título: "Vai ajudar os idosos ou também vai virar as costas?" Redação: Arício Fortes. Direção de arte: André Gola. A segunda é da F/Nazca para o Detran do Paraná. Título: "A gente avisou que você podia capotar se bebesse antes de dirigir." Redação: Eduardo Lima e Renato Simões. Direção de arte: Bruno Prosperi.

Uma última pergunta: consegue plantar bananeira?

terça-feira, janeiro 10, 2006

Um slogan é um slogan.















Por Henrique Tucci.

Estou muito feliz com a participação de todos em nosso blog. Conteste, comente, crie, escreva. Sua participação é fundamental pra que a gente continue fazendo um trabalho cada vez mais alinhado.
Como já havia divulgado, estive fora por uma semana e agora quero colocar mais borracha na fogueira. E já que vamos recomeçar, vou retomar um assunto que já foi bem rodado por aqui, mas que sempre vale a pena comentar: slogans.
Como todos bem sabem, um slogan representa o posicionamento de uma empresa. E por isso, tem uma importância muito grande em sua comunicação. Passeando pelas ruas de Fortaleza, dei de cara com a placa da foto que vocês podem ver logo acima. O que me chamou a atenção nela foi o slogan das lojas de pneus Gerardo Bastos: “Onde um pneu é um pneu”. O Comendador Gerardo Gusmão Bastos abriu sua primeira loja em 1967 e hoje tem 3 pontos na cidade. O slogan é muito simples e vai direto ao ponto, mas comunica. Quem mora em Fortaleza pode ter certeza que nas lojas do Comendador vai encontrar o que precisa: pneus. O óbvio ulula. Mas também podemos dizer que em termos de comunicação, funciona. Que tal recauchutar este slogan? Você faria melhor? Ou a comunicação não precisa andar alinhada com a estética?
Conheça as lojas Gerardo Bastos na internet: http://www.gerardobastos.com.br/

O melhor anúncio de Veja


Por Raul Otuzi

Até 1997, o mercado de cervejas era disputado ponto a ponto por Brahma e Antarctica, que invadiam a TV com clipes maravilhosos, um festival de bunda e música. Bonito, mas muito igual.

Nessa época entra em cena a Skol. Com o slogan "a cerveja que desce redondo", criação da F/Nazca, a Skol passa a ser a nova sensação no disputado mercado de preferência das loiras geladas. Por quê? Diferenciação. Começam os comerciais de roteiro. Não meros videoclipes.

Para vender o atributo leveza, a agência inovou, apostou no público jovem, no humor e na inteligência. Criou um conceito popular, de fácil assimilação e, de quebra, apropriou-se do círculo, figura geométrica das mais prestigiadas e evidentes. Tudo o que tem forma circular hoje é Skol. Rodas de carro, sua cabeça, o mundo... faz propaganda de graça para a Skol. Grande idéia. Redondinha.

Diferenciação funciona? Em 1998, a Skol passou a ser a marca mais vendida do País, posto em que se mantém até agora.

Além disso, a Skol tem um espírito de "vanguardismo": foi a primeira cerveja em lata, a primeira cerveja em lata de alumínio, a primeira long-neck, e agora a primeira a ficar gelada por mais tempo.

E é justamente para comunicar essa novidade, que um anúncio da Skol foi publicado na Veja. É o melhor da semana. Cutuca toda a quadradice do isopor, com uma linguagem irreverente, que respeita (óbvio) o posicionamento da marca.

Título: “Uma lata criada para ficar gelada por mais tempo. Mas a verdade é que a gente tinha uma aflição danada daquela caixa quadrada.” Assinatura: Chegou Skol Geladona. A mesma redondice com mais tempo de geladice.

Em tempo: eu bebia Antarctica, mas como o mundo gira, gira, gira, hoje só Skol.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Com essa foto dá pra vender o quê?


Crianças e bebês são mais usados em propaganda do que açúcar para fazer doce. Mas é assim mesmo. Se funciona, que mal tem? Tem se a idéia for ruim, batida, clichê, sem graça. Daí não tem bebê bonitinho que salve.

Dito isso, que tal exercitar a imaginação e criar um anúncio a partir dessa foto aí de cima? Caprichem no texto. Para quem não conhece, quarta-feira, a gente publica a foto sem cortes, com o título e a marca do cliente.

Seis anúncios de uma mesma campanha?







Por Raul Otuzi

Não. Não são da mesma campanha. Mas que parece, parece, porque ambas partem do mesmo princípio gráfico: um único elemento visual que se combina, se combina, formando assim a imagem do rosto de uma pessoa.

Os três primeiros anúncios são da DM9 para a Philips. Nesse caso, as ilustrações das pessoas foram feitas com o desenho de 'digitais'. Título: "Aperte o play". Redação: Flavio Casarotti. Direção de arte: Marcos Medeiros.

Os outros três fazem parte de uma campanha para o tênis Bamba. Agência Lew,Lara. As ilustras aqui foram feitas pelas marcas do solado do tênis. Títulos: "Calce você." "Seu jeito de andar." e "Pise do seu jeito." Redação: André Laurentino / Emiliano Trierveiler. Direção de arte: Carlos Nunes / Marco Versolato.

Resumindo: para não meter os pés pelos dedos, beba da mesma fonte, mas adicione sempre um outro sabor.