sexta-feira, janeiro 27, 2006

Ave, French!














Por Henrique Tucci.

E pra começar com nossa série "Deu no AdAge", vamos falar das matérias recentes que trataram das desventuras de Neil French, o ex-todo-poderoso-diretor-mundial-de-criação do Grupo WPP. Este profissional criativo e muito polêmico realizou uma apresentação durante um evento no Canadá que lhe rendeu muito barulho. E que foi a causa do pedido de afastamento do cargo que ocupava.
Algumas declarações publicadas pela mídia e atribuídas ao publicitário são as de que criar filhos é incompatível com a dedicação necessária para ser um criativo top; que pessoas que não conseguem se envolver 100% com o trabalho são “lixo” e que poucas mulheres são diretoras de criação porque são casadas e têm filhos ou pretendem tê-los. Segundo o que também foi publicado, mulheres que trabalham com criação publicitária não chegam a posições mais altas porque não merecem.













Antes de sair metralhando Neil, procurei mais informações, inclusive em seu próprio site – www.neilfrench.com – de onde tirei o anúncio “Apology”, reproduzido aqui. Segundo Neil, suas palavras foram distorcidas e o que na verdade ele quis dizer é que um dos trabalhos mais importantes para homens e mulheres é acompanhar sua família, o que acarreta consideráveis prejuízos a qualquer carreira. E que, devido ao fato das mulheres terem costumeiramente um papel preponderante nesta tarefa, também são as mais prejudicadas profissionalmente.

Antes da publicação do anúncio em que procura esclarecer os fatos, o criativo foi acusado de sexismo, se tornou alvo de críticas generalizadas, como na tira de humor do ‘Words & Pictures’ que o classificava como “um grande criativo, mas uma merda como ser humano”, além de ter recebido o título de “momento mais idiota do ano”, da Revista Business 2.0, do site CNNMoney.com. Ele diz ter se afastado da WPP para não piorar sua situação na empresa nem acarretar outros prejuízos morais à agência.

Independente do que o polêmico Neil declarou, ou das repercussões geradas, fica a constatação de um fato: apesar da maior presença feminina em cargos de direção de qualquer tipo de empresa, elas realmente ainda são uma minoria.

Essa discussão me fez lembrar outra grande polêmica, esta gerada pela publicitária alemã Judith Mair, autora do livro “Chega de oba-oba!”, no qual defende que o escritório não é um parque de diversões e que os publicitários, como outros “profissionais modernos”, precisam de mais disciplina, horários, regras claras e foco em desempenho. Porque também é preciso que se tenha tempo livre para adquirir informações, aprender novas habilidades e, por que não, viver em família.

Acredito que essa seja uma tendência real e universal: viver mais. Viver com mais qualidade e felicidade. Como a própria propaganda preconiza em campanhas, como a da Coca-Cola Light e tantas outras, de empresas que já detectaram essa atual disposição das pessoas, num mundo no qual também convivemos com furacões e terroristas.

17 comentários:

Anônimo disse...

Sejamos sinceros, tem um fundo de verdade nas coisas que o cara falou. Ele não é idiota, só agiu como um falando a verdade (devia estar bêbado).
O sujeito com um mínimo de noção sabe que deve diz as coisas nas entrelinhas. O mundo é hipócrita e não admite espelho que não reflita o quer ver.

Anônimo disse...

Ele disse a verdade sim. Mas será que precisava?

Anônimo disse...

Será que precisava ficar até 2 da manhã fazendo uma campanha pra cumprir o prazo do atendimento? Será que precisava deixar meu namorado sozinho, sabe lá com quem, por causa do meu chefe???? Precisamos de mais gente falando a verdade!!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Mais uma prova de que renovação é fundamental.

Anônimo disse...

Eu acho que a propaganda é assim mesmo. A gente tem um jeitão diferente de trabalhar e isso num muda. Afinal, o cliente nao tem sempre razão?

Anônimo disse...

Acho que a publicidade acaba com a vida social de qualquer cristão. Vivemos na corda bamba. Sempre tendo que ficar até mais tarde para provar que estamos dando 'sangue' pela corporação.
Complicado, viu?

Anônimo disse...

o zé tá certo...acho que é por isso que publicitários se casam entre si...

Anônimo disse...

Acho que a discussão é mais profunda do que apenas o "porquê das mulheres não chegarem aos maiores cargos". É sobre a forma como os homens os atingem. Negligenciando cada vez mais a família e os amigos em busca de ascensão social. Se, por isso, as mulheres não obtêm os cargos, estão mais do que certas. Há outras coisas na vida além dos layouts e roteiros a serem reprovados e refeitos.

Anônimo disse...

CONCORDO EM CADA VÍRGULA COM O ANÔNIMO ACIMA. ACHO QUE A DISCUSSÃO É EXATAMENTE ESTA!!!

Anônimo disse...

Vixe, tô ferrada, tenho 4 filhos, hahahahaha!

Eu achei a frase de um machismo total! Quer dizer que o pai não precisa dar atenção aos filhos, só a mãe? O pai pode ligar o phoda-se e trabalhar até se matar, sem se importar se o filho tá com febre - afinal, isso é trabalho para a Supermãe e ela que se vire? Coitados dos filhos dele!

Se ele disse a verdade, se isso acontece hoje, tá na hora de mudar, vocês não acham? Esse pensamento é do tempo em que homem trabalhava e mulher ficava em casa. Se as contas são divididas, as responsabilidades com os filhos também devem ser, não é?

Ainda bem que meu marido não pensa assim, e quando eu não posso ele leva as crianças no médico com o maior prazer!

Fernanda

Anônimo disse...

Boa tarde, pessoal!
Acredito que a discussão passa pelo que os anônimos disseram (identifiquem-se por favor). Mas também vamos levar em consideração o Duccini. É uma questão de motivação, sem dúvida. Mas a questão vai muito além. E passa por coisas como pagamento de horas-extras e outras atividades na vida - todo mundo aqui mantém seus hobbies, produz arte, escreve ou faz algo além de trabalhar? Sei que na comunicação de uma forma geral isso não existe - vivi essa loucura na pele nos últimos 19 anos. Mas por que não tentar melhorar as condições de vida? Como a Fernanda disse, acho que quem tem família sabe da importância de um estilo de vida mais normal. E tudo isso que a gente NÃO faz pode ser muito importante para a formação de um criativo. Parece que nós publicitários passamos boa parte da vida curtindo uma adolescência profissional. Somos rebeldes sem causa, contestadores de plantão, mas pouco produtivos.
Minha experiência com muitos colegas diferentes me diz que boa parte das horas extras é resultado de não conseguirmos nos concentrar direito no trabalho durante o expediente normal (devido às interferências ou falta de atenção) ou também porque não gostamos de trabalhar com horários, seja porque esticamos nas noitadas ou porque não acordamos cedo mesmo! Será que menos paquera no messenger, menos e-mails de piadas e mais concentração não ajudariam? Será que algum dia a gente vai conseguir trabalhar sem um deadline, um prazo apertado? Estou falando algumas coisas que PODEM prejudicar o trabalho. Quero provocar um pouco mais essa discussão que anda muito morna para uma questão tão importante! Mas existem muitas outras causas para esta situação que viveu Mr. French! O que vocês acham??? Ou estão todos recebendo muito bem pelas horas-extras e não têm do que reclamar??? Vou deixar outra questão aqui: Bill Bernbach era um sujeito sem modismos, sem brinquinhos, sem cortes de cabelo malucos nem tatuagens. Mais parecia um executivo da bolsa de valores. Ele acordava cedo, vestia seu terninho, cumpria seu horário como um trabalhador comum e ainda assim fez algumas das melhores campanhas da história da propaganda. Onde será que ele errou? Aceitem minha provocação e vamos debater!

Anônimo disse...

Tudo depende de onde vc quer chegar. Se quiser ser um grande publicitário tem que se sacrificar, buscar, correr atrás, varar madrugadas. É o preço do sucesso. Vc pode fazer isso ou não. E viver de forma mais humilde.
Prioridades, prioridades.

Anônimo disse...

Tem jeito de ser de outro jeito? Quem trabalha com criação tem prazos malucos mesmo. É uma loucura. Repito: tem jeito de ser de outro jeito?

Anônimo disse...

Maxx e Jonas:
Acho que com planejamento e disciplina tem sim. E não é porque você resolve ter uma família que vai ser um profissional medíocre!!! Eu tenho 2 filhas e estou muito bem, obrigada. Olivetto tem filhos também muito bem encaminhados e resolvidos. E se você for ver, todos os grandes criativos têm suas famílias e isso com certeza só ajudou-os a serem melhores profissionais.
Maria Suzano

Anônimo disse...

Sei não, Maria.
O Olivetto teve filho muito tarde, Qdo já era consagrado. Pense nisso.

Anônimo disse...

Pior ainda... tinha mais responsabilidades, viajava mais... etc.

Anônimo disse...

Regulamentação Já!!!!!!!!!!


Estamos analisando os efeitos de uma causa mais profunda, já debati esse assunto na Comunidade e volto a repetir. Se o caso continuar na brincadeira não anda, publicidade é negócio e não hobby, não quero trabalhar depois do horário por reconhecimento. Atividade DE publicitário é uma profissão e que segundo o MEC, é necessário graduação. PRecisamos regulamentar nossa profissão.
NOSSO PISO SALARIAL É DE R$ 450,00 NA MÉDIA, ISSO PELO SINDICATO, olhem vc's mesmo:
http://www.sindicatopublicitariossp.com.br/pisos.htm
É um absurdo, não dá pra limpar a bunda com essa merda!

A verdade é essa, nossa profissão é muito imatura e necessita de mudanças, já não aguento mais esses metidos a criativos com "sacadinhas"e que não possuem nenhum fundamento, tbm já não aguento fazer entrevistas e trabalhar em agências totalmente despreparadas e sem nenhuma estrutura administrativa, isso é reflexo da falta de base legal e regulamentadora da profissão.

Essa história de que gostamos de acordar tarde, de deixar a barba crescer e de trabalhar até mais tarde é coisa de moleque, de "mauricinho" mantido pelo pai pra falar que trabalha.

REGULAMENTAÇÃO!

www.projetomanifesta.blogspot.com